No Brasil muito se fala sobre a compra de ações internacionais como Amazon, Google, Facebook, entre outras. Mas no exterior também é possível comprar ativos brasileiros ou de outros países.
No mercado doméstico, os papéis de companhias de fora do país são adquiridas por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Nos Estados Unidos, os investidores têm a mesma oportunidade mas o recurso tem o nome de ADRs.
Entenda o que são os ADRs
Assim como os BDRs, os ADRs são certificados que representam os ativos de uma companhia. Nesse caso, ele é emitido por instituição depositária do exterior e negociado em mercados diferentes do país de origem da empresa.
Assim, os ADRs nada mais são do que recibos de ações de empresas não americanas (brasileiras, inclusive) transacionadas nos EUA. Assim como os BDRs, os ADRs de ações brasileiras são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Conselho Monetário Nacional.
Mas, não são apenas as companhias do Brasil que podem emitir ADRs no mercado norte-americano. Outras empresas de origem chinesa, alemã, japonesa, por exemplo, também podem usar os recibos de ações.
Quais são as vantagens dos recibos de ações
Não é novidade que as Bolsas americanas são as mais fortes do mundo, devido a sua influência em todos os outros mercados. Então, ter ações brasileiras negociadas nos EUA é uma forma de captar recursos em um país que é forte em investimentos.
Também, é uma estratégia de aumentar a liquidez dos ativos das companhias. As vantagens das ADRs foram notadas lá nos anos 90, quando o mercado de ações do Brasil era quase desconhecido.
Naquela época, as empresas do país passaram a alcançar os investidores internacionais através da listagem de ADRs em Wall Street. A Bolsa de Nova York (NYSE) teve um papel fundamental para isso.
A ausência de um mercado doméstico forte
Ainda, como os investimentos eram um verdadeiro tabu no Brasil, a emissão de ADRs foi por um período de tempo uma opção interessante para as grandes companhias. Afinal, o setor de capitais precisava de controle e proteção aos investidores.
Apenas nos anos 2000 essa situação começou a mudar, já que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revisou as normas desse ramo. Bem como, a criação de um no nível diferenciado de governança da B3, o Novo Mercado, favoreceu o avanço das aplicações.
Como funciona na prática
Por ser uma ferramenta utilizada pelos investidores no mercado de capitais, os ADRs são negociados nas Bolsas dos Estados Unidos. Assim, os gestores que possuem interesse em comprar ações emitidas por outros países recorrem ao estoque americano.
Apesar da confusão que se faz, ao adquirir um ADR o investidor não está comprando diretamente as ações da companhia do exterior. Na verdade, ele esta adquirindo um título que representa esse papel. Os recibos são transacionados em Dólar e não na moeda de origem das ações da empresa estrangeira.
Outro fato é que, apesar do gestor não adquirir a ação de forma direta, as ações existem no país de origem. Por exemplo, se os ativos forem brasileiros, eles existem sim no mercado doméstico. Mas eles precisam ficar depositados e bloqueados em uma instituição financeira.
Nesse caso, essa instituição irá guardar essas ações. Enquanto nos EUA, outra instituição financeira emite as ações. Logo, são necessárias duas empresas, uma depositária e outra custodiante, para acontecer a negociação dos ADRs.
Observações da B3
Apesar dos ADRs darem benefícios financeiros iguais aos dos acionistas da companhia que adquirem ações no mercado de origem, a B3 chamou a atenção dos investidores sobre algumas diferenças.
A obtenção dos recibos pode ser um pouco complexa, já que a comunicação com a instituição depositária não é tão simples. Além disso, existe um processo mais complicado pois mexe com dois mercados distintos e abrange uma operação cambial.
Como investir em ADRs
Conforme dito anteriormente, quem negocia ADRs são investidores que operam no mercado norte-americano. Na maioria das vezes, o público interessado são os próprios nativos. Em razão da magnitude das Bolsas dos EUA, interessados de outros países também procuram pelo recurso.
Então, para comprar os recibos de ações nos Estados Unidos é preciso ter uma conta no país. Assim como aqui, lá exigem documentos e um cadastro. Feita a conta, é necessário alocar dinheiro do país de origem para os EUA também através de um banco ou de uma corretora.
Um investidor brasileiro também pode adquirir ações do exterior, incluindo brasileiras, no mercado norte-americano. Nesse caso, irá incidir o Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF. Lembrando que a operação será igualmente em Dólar com base no câmbio comercial.