Religiosos protocolam pedido de impeachment contra Bolsonaro por negligência

Na tarde de terça-feira (26), representantes religiosos formalizaram pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido), responsabilizando-o por negligência na crise sanitária diante do enfrentamento da pandemia.

Católicos, luteranos, anglicanos, pastores, entre outros representantes de igrejas, acusam o presidente de gestão ineficaz que contribuiu para o agravamento da situação. Além disso, o responsabilizaram pelo “não acesso à vacina” e “desprezo pela vida dos brasileiros”.

Religiosos protocolam pedido de impeachment contra Bolsonaro por negligência
Fonte: (Reprodução/Internet)

Segundo manifesto feito pelos cristãos, eles estão se responsabilizando ativamente em nome de suas religiões e diante da crise, em favor da vida e dos direitos humanos. O pedido deve ser apresentado à Mesa da Câmara.

Negligência na condução da crise de saúde

De alta relevância para que o pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro fosse assinado por cerca de 400 nomes, o número de representantes das igrejas, já mencionadas acima, se deu devido ao colapso do sistema de saúde do estado do Amazonas.

A falta de oxigênio em hospitais da capital Manaus, em meados de janeiro, evidenciou a situação de segunda onda de surtos da doença no país. Pacientes chegaram a morrer asfixiados pela ausência dos cilindros.

A acusação de negligência na condução da pandemia também leva em conta, além dos testemunhos de profissionais de saúde da região amazonense, a demora para execução de planejamento, aprovação de imunizantes e distribuição de vacinas nos municípios.

Entidades envolvidas

Entre os religiosos que pediram pela protocolização do impeachment contra o presidente da República, estão as entidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Movimento Social Religioso do Distrito Federal; Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Presidente se distancia de representações religiosos

Romi Márcia Bencke, pastora pertencente a CONIC acredita que a ausência de ação do governo federal acarretou na piora do quadro geral de Covid-19 no Brasil, e consequentemente na crise nos hospitais amazonenses.

“Essa é nossa tarefa como pessoas de fé”, disse, ao alegar que o “sufoco” do Amazonas é o “sufoco de todo o país”, enfatizou a representante da CONIC. O pedido de impeachment por grupos religiosos expõe o distanciamento do presidente com o grupo, um dos mais influentes durante a sua campanha eleitoral para o executivo.

Algumas divergências surgiram ao longo do seu mandato, como apoio à posse de armas e as discordâncias de alguns grupos durante diferentes momentos da gestão na pandemia só aumentaram a oposição.

Sem participação de religiosos mais conservadores

Márcia reconhece que o pedido protocolado representa um passo importante contra os impactos da gestão equivocada de Bolsonaro, mas que o apoio da base bem consolidada de religiosos mais conservadores seria ainda mais relevante para o movimento.

Essa realidade expõe a pluralidade de opiniões entre as diversas igrejas e religiões no Brasil, e deixa claro que no cristianismo também existem vertentes contrárias ao presidente.

“Pelo impeachment, pela vacina e pela renda emergencial”

Até o presente momento, o poder legislativo já recebeu, contando o novo pedido, 62 petições de impeachment contra Bolsonaro. Todos eles já foram protocolados pela Câmara dos Deputados, mas dependem da aprovação do presidente da Câmara dos Deputados para o segmento dos trâmites.

Uma coalizão de representantes da esquerda, dentro do Congresso, pretende formalizar mais um pedido com o emblema favorável ao impeachment em favor da vacina e do benefício emergencial que foi encerrado em dezembro.

 

References

62 petições de impeachment contra BolsonaroEntenda o que há de concreto para impeachment de Bolsonaro