Estudo mostra que variante da COVID-19 no Reino Unido pode se tornar resistente às vacinas

Uma variante rápida do coronavírus coronavírus observada pela primeira vez no Reino Unido ganhou uma nova mutação que pode potencialmente tornar mais difícil o controle com vacinas, informou a Saúde Pública da Inglaterra na segunda-feira. É a mais recente evidência de que o vírus está passando por uma evolução preocupante em todo o mundo.

Estudo mostra que variante da COVID-19 no Reino Unido pode se tornar resistente às vacinas
Foto: (reprodução/internet)

A variante, conhecida como B.1.1.7, veio à conhecimento pela primeira vez em dezembro. Os pesquisadores determinaram que ela se tornou rapidamente mais comum em todo o Reino Unido em apenas alguns meses.

Experiências em tubos de ensaio sugerem que algumas de suas mutações permitem que o coronavírus se agarre mais firmemente às células.

Um novo risco: B.1.1.7

Desde a descoberta de B.1.1.7 no Reino Unido, a variante tem sido relatada em 72 outros países. Os Estados Unidos confirmaram seu primeiro caso de B.1.1.7 em 29 de dezembro. Desde então, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças registraram 467 amostras da variante em 32 estados.

Em sua última análise, a Public Health England (Saúde Pública da Inglaterra) estimou que a taxa de infecção da variante é 25% a 40% maior do que a de outras formas do coronavírus. Algumas evidências preliminares sugerem que ela também pode causar mais mortes.

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Foto: (reprodução/Getty Images)

Várias linhas de evidência sugerem que as vacinas funcionarão contra o B.1.1.7. Na quinta-feira, a vacinadora Novavax anunciou que seu estudo britânico não encontrou nenhuma evidência de que o B.1.1.7 poderia escapar das defesas da vacina.

Mas na África do Sul, onde uma variante chamada B.1.351 surgiu para dominar, as vacinas Novavax e Johnson & Johnson foram ambas menos eficazes nos ensaios.

A variante que preocupa os pesquisadores

Sempre que estas variantes infectam um novo hospedeiro e se multiplicam, há uma pequena chance de que elas ganhem mais uma mutação. A maioria das mutações são pouco preocupantes, mas os cientistas temem que, ao mutarem, estas variantes já perigosas possam evoluir para formas mais preocupantes.

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Mesmo que uma mutação altere uma variante do coronavírus, isso não é garantia de que ela terá o mesmo efeito em outra variante. O efeito de cada nova mutação depende de todas as outras mutações transportadas pelo vírus.

A Public Health England disse que a preocupante mutação conhecida como E484K parece ter surgido mais de uma vez nas variantes do B.1.1.7 do coronavírus no Reino Unido. Duas variantes no Brasil também foram descobertas como tendo ganho independentemente a mesma mutação.

Um vírus mais resistente

A Moderna e outras empresas já estão se preparando, desenvolvendo vacinas para trabalhar contra a mutação do E484K. 

Kristian Andersen, especialista em vírus do Scripps Research Institute em La Jolla, Califórnia, disse que embora a mutação conhecida como E484K não fosse boa, era impossível dizer ainda se ela tornaria estes coronavírus não apenas mais contagiosos, mas mais resistentes às vacinas

“Teremos que esperar por dados”, disse ele.

Estudo mostra que variante da COVID-19 no Reino Unido pode se tornar resistente às vacinas
Dr. Francis Collins, Diretor dos Institutos Nacionais da Saúde nos EUA. Foto: (reprodução/Saul Loeb-Pool/Getty Images)

Na semana passada, os cientistas revisaram todos os genomas dos coronavírus sequenciados no Reino Unido. Eles descobriram 11 variantes de coronavírus que pertencem à linhagem B.1.1.7, que também carregava a preocupante mutação.

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Nicholas Davies, um biólogo matemático da London School of Hygiene and Tropical Medicine, disse que era possível que o coronavírus evitasse os anticorpos criados por infecções anteriores de outras variantes:

“O E484K pode muito bem transmitir uma vantagem de adequação em ambientes onde há imunidade existente”, disse Davies.

Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Japan Times, The New York Times