Centenas de manifestantes contra o “estado policial” vão às ruas da Tunísia

A Tunísia está lutando em uma crise política e econômica agravada pela pandemia do coronavírus.

Foto: (reprodução/Fethi Belaid/AFP/Getty)

Várias centenas de jovens tunisianos foram às ruas da capital tunisiana, Tunes, no sábado para protestar contra a repressão policial e exigir a libertação dos manifestantes presos nos dias anteriores.

Eles marcharam da Praça dos Direitos Humanos no centro de Tunes para a Avenida Habib Bourguiba com o objetivo de chegar ao Ministério do Interior, de acordo com um jornalista da AFP. Mas as forças de segurança destacadas ao longo desta importante rota na capital bloquearam o progresso dos manifestantes.

Tunísia contra o abuso de poder

Alguns manifestantes os visavam com garrafas plásticas de água enquanto a multidão gritava slogans como “liberdade, liberdade”, “que o regime policial cai”, ou “sem medo, sem medo, o poder pertence ao povo”.Eles também denunciaram “repressão policial” e “corrupção” do governo, com cartazes dizendo “polícia em toda parte, justiça em lugar nenhum”.

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“As forças de segurança estão nos reprimindo e querem o retorno do estado policial”. Não vamos aceitar isto”, disse Majdi Sliti, um manifestante de 33 anos, à AFP.

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Ao seu redor, os manifestantes exigiam a “libertação dos filhos da nação”, referindo-se a mais de mil pessoas presas durante várias noites de confrontos em meados de janeiro. Os confrontos coincidiram com o décimo aniversário da chamada Revolução de Jasmim que derrubou o ditador Zine El Abidine Ben Ali em 14 de janeiro de 2011, depois de 23 anos no poder.

Um jovem manifestante foi morto e outro gravemente ferido na semana passada, de acordo com seus parentes, por latas de gás lacrimogêneo.

Em meio ao COVID-19

A Tunísia está atravessando uma crise política e econômica agravada pela pandemia do coronavírus.

No entanto, o país é frequentemente citado como um dos poucos exemplos de uma transição democrática bem sucedida após a revolução de 2011, que inspirou as revoltas da Primavera árabe na região.

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Mas muitos tunisianos estão insatisfeitos com uma classe política que está entrincheirada em uma luta de poder e que, dizem, está desligada das dificuldades da população, a começar pelo aumento inexorável dos preços, o alto desemprego e a crescente pobreza.

Em 23 de janeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) incentivou a Tunísia a estabelecer um plano de reforma e fortalecer a proteção social em um momento em que o país enfrenta um surto de contaminação por coronavírus.

Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Le Devoir, AFP