O novo presidente americano, Joe Biden, demonstrou sua firmeza na terça-feira (26) em seu primeiro intercâmbio com seu homólogo russo, Vladimir Putin, apesar de seu acordo sobre desarmamento e dos apelos de Moscou para a “normalização” entre as duas potências rivais.
As relações americano-russas estão em seu ponto mais baixo desde o final da Guerra Fria, apesar das tentativas fracassadas de aproximação do ex-presidente americano Donald Trump.
Seu sucessor, Joe Biden, é muito mais ofensivo.
New Start, o tratado que pode mudar a diplomacia
Paradoxalmente, devido a um cronograma extremamente apertado, este novo capítulo abre com um desejo de diálogo: o tratado de controle de armas nucleares New Start, o último acordo bilateral deste tipo, expira em dez dias e Washington anunciou na semana passada que queria prorrogá-lo.
De acordo com a Casa Branca, os dois líderes “discutiram a disposição dos dois países de prorrogar o New Start por cinco anos, e concordaram em ter suas equipes trabalhando urgentemente em uma prorrogação até 5 de fevereiro”.
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Já na manhã de terça-feira (26), a sede do governo russo, o Kremlin, havia relatado “contatos energéticos” em andamento para “finalizar a extensão” que “é do interesse de ambos os países, bem como de todo o mundo”. E Vladimir Putin agiu imediatamente, apresentando ao Parlamento um projeto de lei para ratificar este “acordo em princípio”, caso seja confirmado por ambos os países.
As consequências do governo Trump
O democrata americano também disse que estava pronto para “considerar discussões estratégicas de estabilidade sobre uma série de questões de controle de armas e segurança”.
A este respeito, ele se destaca de seu antecessor republicano, que não conseguiu – ou não quis – renovar o New Start e se retirou de outros tratados.
Donald Trump negou novas medidas no acordo internacional sobre a questão nuclear iraniana, do qual Moscou é um dos signatários.
Tensões territoriais e soberania
O assunto, no telefonema, também deve ser bastante consensual, tendo Joe Biden prometido voltar neste acordo. Mas é provável que se mantenham vivas as tensões: a Rússia pediu ao governo dos EUA que desse o primeiro passo, enquanto os Estados Unidos exigem que o Irã retorne a seus compromissos, dos quais se libertou parcialmente.
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Além destas questões, o presidente americano levantou todas as questões que ainda estão pendentes.
Ele “reafirmou nosso forte apoio à soberania da Ucrânia diante da contínua agressão russa“, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
O envenenamento de Alexei Navalny
Além desses assuntos, durante o telefonema Biden também expressou “preocupação” com “o envenenamento de Alexei Navalny”, o líder da oposição russa que foi preso em 17 de janeiro ao retornar à Rússia após cinco meses de recuperação na Alemanha, e com “o tratamento dos manifestantes pacíficos pelas forças de segurança russas”.
Ele passou a se referir à “interferência nas eleições de 2020” nos Estados Unidos, ao recente ataque cibernético aos ministérios do governo dos EUA em Moscou, e relata que a Rússia pagou “recompensas” ao Talibã por matar soldados americanos no Afeganistão. Todos estes tópicos foram minimizados por Donald Trump, apesar do ultraje geral que provocaram na classe política americana.
Como ele faz regularmente, Vladimir Putin, por sua vez, disse apoiar “uma normalização das relações entre a Rússia e os Estados Unidos”, que ele acredita que “atenderia os interesses de ambos os países, mas também os de toda a comunidade internacional, dada sua responsabilidade especial em manter a segurança e a estabilidade no mundo”, informou a presidência russa.
Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Le Devoir, The White House, Kremlin