O Papa João Paulo II promoveu Theodore McCarrick apesar das alegações de abuso, diz o Vaticano

O Papa João Paulo II promoveu Theodore McCarrick apesar das alegações de abuso, diz o Vaticano
Foto: (reprodução/internet)

Os papas Bento XVI e João Paulo II estavam cientes das alegações de má conduta sexual contra o cardeal americano Theodore McCarrick, mas pouco fizeram para impedir sua ascensão, de acordo com um relatório explosivo.

O Vaticano divulgou as conclusões na terça-feira da investigação de dois anos sobre a má conduta de McCarrick, um ex-cardeal que foi destituído no ano passado após uma investigação de alegações de abuso sexual.

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No relatório de 400 páginas, o Vaticano descobriu que McCarrick foi capaz de ascender a posições de alto escalão na Igreja, já que bispos, cardeais e papas minimizaram ou rejeitaram os relatórios de que ele dormiu com seminaristas.

Antes de o Papa João Paulo II nomear McCarrick como arcebispo de Washington, DC, em 2000, ele encarregou o embaixador do Vaticano nos EUA de investigar as alegações de má conduta sexual.

As alegações na época envolviam incidentes que datavam da década de 1980 – incluindo o de que ele compartilhou uma cama com seminaristas na casa de praia de Jersey.

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João Paulo II foi informado de que McCarrick dormia com rapazes, mas o inquérito não encontrou “certeza” de que ele havia se envolvido em má conduta sexual.

João Paulo II acabou acreditando na negação manuscrita de McCarrick

MacCarrick alegou no manuscrito que ele disse que nunca teve relações sexuais com qualquer pessoa.

E culpou vários bispos que teriam “fornecido informações imprecisas e incompletas” sobre os encontros.

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“Esta informação imprecisa parece provavelmente ter impactado as conclusões dos assessores de João Paulo II e, consequentemente, do próprio João Paulo II”, disse o relatório.

Quando Bento XVI sucedeu a João Paulo II em 2005, ele também recebeu informações “semelhantes” sobre o comportamento de McCarrick.

Mas, em vez de investigar ou sancionar McCarrick, Bento XVI decidiu que ele “deveria manter uma postura mais discreta e minimizar as viagens para o bem da Igreja”, de acordo com o relatório.

O Papa João Paulo II promoveu Theodore McCarrick apesar das alegações de abuso, diz o Vaticano
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O Vaticano absolve em grande parte o Papa Francisco no escândalo – observando que foi o Papa Bento XVI quem decidiu não tomar medidas contra McCarrick.

“O Papa Francisco ouviu apenas que houve alegações e rumores relacionados à conduta imoral com adultos ocorrida antes da nomeação de McCarrick para Washington”, disse o relatório.

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“Acreditando que as alegações já haviam sido revisadas e rejeitadas pelo Papa João Paulo II, e bem ciente de que McCarrick estava ativo durante o papado de Bento XVI, o Papa Francisco não viu a necessidade de alterar a abordagem que havia sido adotada.”

Mas quando a primeira alegação de abuso sexual de um menor veio à tona em 2018, a resposta de Francisco foi “imediata” e ele demitiu o ex-cardeal do sacerdócio, de acordo com o relatório.

Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fonte: New York Post