Vacina americana Novavax apresenta 89% de eficácia em ensaios clínicos

Os ensaios clínicos da vacina COVID-19 de duas doses da Novavax mostraram 89,3% de eficácia, disse quinta-feira a empresa americana de biotecnologia em um comunicado mostrando os resultados dos ensaios da fase 3.

Vacina americana Novavax apresenta 89% de eficácia em ensaios clínicos
Foto: (reprodução/internet)

“A NVX-CoV2373 tem potencial para desempenhar um papel importante na solução desta crise global de saúde pública”, disse o CEO da empresa, Stanley Erck.

Mas a notícia foi compensada pelo anúncio conjunto de que a vacina é muito menos eficaz contra a variante identificada pela primeira vez na África do Sul, que os cientistas acreditam ser mais contagiosa.

A empresa iniciará imediatamente o desenvolvimento de uma nova vacina voltada para esta variante, diz o comunicado.

Resultados satisfatórios nos ensaios clínicos

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson recebeu a boa notícia no Twitter, acrescentando : Nossos reguladores médicos irão agora avaliar a vacina… Se aprovado, temos um pedido de 60 milhões de doses.

A vacina foi um dos seis candidatos apoiados pelo governo americano, que havia financiado o projeto em um montante de US$1,75 bilhões. Os ensaios clínicos também estão em andamento nos Estados Unidos e no México, com 16.000 e 30.000 participantes, respectivamente.

Leia mais: Estudo australiano aponta que o Brasil fez a pior gestão do mundo contra a Covid-19

Os ensaios clínicos, realizados no Reino Unido, envolveram 15.000 pessoas entre 18 e 84 anos de idade, 27% das quais tinham mais de 65 anos de idade:

  • A primeira análise provisória foi baseada em 62 casos de COVID-19, 56 dos quais foram observados no grupo placebo, comparados a 6 casos entre aqueles que receberam NVX-CoV2373;
  • A análise preliminar da empresa indica que a variante inicialmente identificada na Inglaterra, B.1.1.7, foi detectada em mais de 50% dos casos confirmados;
  • A eficácia da vacina por cepa de coronavírus foi estimada em 95,6% em relação à cepa inicial e 85,6% em relação à variante que surgiu no Reino Unido;
  • A eficácia parece ser muito menor em um estudo menor realizado na África do Sul.

Este estudo envolveu pouco mais de 4.400 pacientes de setembro a meados de janeiro, durante o qual a variante B.1.351 se espalhou amplamente por toda a África do Sul.

89% de eficácia

De acordo com a empresa, esta variante foi responsável por 90% dos casos que foram sequenciados. A eficácia global da vacina foi de 49,4% nesses ensaios, mas o número subiu para 60% entre os 94% de participantes com HIV negativo.

Leia também: Mundo ultrapassa 80 milhões de imunizados e Brasil ocupa o 12º na corrida à vacinação

Na semana passada, Novavax informou ter chegado a um acordo com o governo canadense para comprar 52 milhões de doses de sua vacina NVX-CoV2373, com uma opção de compra de até 24 milhões de doses adicionais. 

A empresa espera estar em condições de fornecer o Canadá já no segundo trimestre deste ano, após autorização da Health Canada.

Pesquisa de novas vacinas contra outras variantes

A Novavax disse que iniciou a pesquisa de novas vacinas contra variantes emergentes no início de janeiro, e espera selecionar os melhores candidatos a vacinas nos próximos dias antes de iniciar os ensaios clínicos no segundo trimestre.

Ao contrário das vacinas da Pfizer e Moderna, que utilizam tecnologia de RNA mensageiro, a injeção de vacina da Novavax contém fragmentos de coronavírus que ajudam a obter uma resposta imunológica do corpo humano.

Vacina americana Novavax apresenta 89% de eficácia em ensaios clínicos
Foto: (reprodução/TINA REED)

Novavax alegou que um terço dos participantes dos ensaios sul-africanos já havia sido infectado com a cepa original do vírus, enquanto que as infecções ocorridas durante o estudo se deveram em grande parte à variante que surgiu na África do Sul.

Esses dados sugerem que a infecção anterior com a COVID-19 pode não proteger totalmente contra infecção posterior com a variante sul-africana, disse a empresa.

O que os pesquisadores dizem

Mas Amesh Adalja, médico e professor do Centro de Segurança da Saúde da Universidade Johns Hopkins nos Estados Unidos, disse que é importante manter este declínio na eficácia em contexto. A vacina da Novavax ainda é um sucesso, disse ele à Agence France-Presse.

“Ter 60% [de eficácia] contra a variante ainda é muito bom”, disse a Dra. Adalja.

“Claramente, a vacina Novavax evitou formas graves da doença, o que é o mais importante, no final”, acrescentou ele. Os resultados são os primeiros a avaliar a eficácia das vacinas contra as variantes britânicas e sul-africanas no mundo real.

Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Radio Canada, Novavax