Startups do setor financeiro passam a analisar crédito por meio de redes sociais

Com a adesão cada vez maior de pessoas jovens e no começo da vida financeira, as fintechs estão buscando “conhecer” seu público de uma forma um pouco mais inovadora, aquém dos comprovantes de renda, do Serasa e SPC, para saber se a pessoa é um bom pagador.

Atualmente, as startups aderiram à análise de crédito as redes de relacionamento e dados de smartphones dos seus clientes. O principal objetivo dessas instituições é verificar, em especial os clientes “desbancarizados”, se eles utilizaram informações confiáveis na hora do cadastro, por exemplo.

Fonte: (reprodução / Internet)

Quem tem sido o público alvo desse tipo de análise

As fintechs, por reunirem os serviços financeiros e tecnológicos em um só serviço, acabam tendo jovens como a sua maior fatia de clientes. Por isso, muitas vezes, a maioria de seus clientes são os considerados “descabancarizados”, ou seja, pessoas que não têm nenhum relacionamento com instituições bancárias.

Nesse sentido, esse público-alvo muitas vezes não possui um “histórico financeiro”, de serviços como contas, cartões ou financiamentos em seu nome. Assim, fica mais difícil checar se aquelas pessoas têm o costume de condecorar ou não seus compromissos financeiros.

Assim, a principal saída encontrada pelas fintechs que oferecem crédito é verificar dados como o estilo de vida da pessoa por meio de smartphones e redes sociais – o que permite à empresa não apenas determinar se deve fornecer crédito ao cliente, mas também determinar suas condições.

A fintech Trigg já aderiu a essa análise

O serviço do cartão de crédito Trigg, por exemplo, utiliza essas ferramentas. O presidente da empresa, Wellington Santos, alegou que a empresa busca informações em redes sociais, dados de telefonia móvel e até localização geográfica antes de conceder crédito ou aumentar o limite de clientes.

Segundo o próprio executivo, uma opção dessa análise é conferir se as informações que a pessoa colocou em seu cadastro são verdadeiras, como o local em que mora por meio de aplicativos instalados, por exemplo. Santos chama essas verificações de informações positivas.

As informações positivas, ou seja, as verificadas como verdadeiras, formam o cadastro positivo de cada cliente. Esse cadastro é como um histórico de seu comportamento de crédito, onde estão reunidas informações sobre como o cliente quita suas contas. É como um currículo financeiro.

O que diz a lei sobre este método de análise?

Aparentemente, esse método de investigação é totalmente legal, conforme comentou o professor do assunto na FGV, Nicolo Zingales. No entanto, isso acontecerá desde que os usuários autorizem, de forma mais específica e destacada (ou seja, além do comum concordo com termos de uso), que a empresa veja seus chamados “dados sensíveis”. 

Algumas fintechs, como a Trigg e a Nubank, garantem que todos os dados dos clientes são protegidos. Além disso, asseguram que toda a pesquisa sobre eles é feita sob autorização, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) –  Lei nº 13.709, de 2018, que trata sobre os dados pessoais das pessoas, inclusive nos meios digitais.

Vantagem para os autônomos

Essa forma de análise, que está sendo implementada no Brasil, é defendida pelo fato de que é capaz de acelerar o processo de obtenção de crédito e, mais ainda, garantir que os autônomos possuam a oportunidade de obtê-lo com menos burocracia

“Vemos que eles têm uma página, anunciando serviços ou produtos, e que as pessoas interagem. Isso mostra uma disposição para o pagamento”, comentou Karin Thies, fundadora da fintech Geru, que também afirmou que as redes como Facebook e Linkedin contribuem para autônomos,

Rafael Pereira, da Fintech Simplic, complementa comentando que, para a tranquilidade desses trabalhadores, nenhuma informação é analisada isoladamente. O empresário afirmou que eles utilizam menos de 30% de todas as informações financeiras, se diferenciando dos bancos tradicionais.

Tamanho do mercado

De acordo com a última versão da investigação realizada pela Radar FintechLab, as empresas de crédito representavam 17% do setor de fintechs financeiras, com 114 empresas no total. No último ano, todavia, 39 novas empresas foram abertas e 17 fechadas.

O mapeamento divide as startups da indústria em 14 regiões operacionais. Atualmente, as três categorias mais representativas do mercado são: meios de pagamento (16,3%), serviços de back-office (15,5%) e crédito (15%). Confira a seguir, como está dividido o mercado de fintechs financeiras.

Tipo Quantidade Participação
Pagamentos 190 28%
Gestão financeira 122 18%
Empréstimos 114 17%
Investimentos 59 9%
Cryptocurrency 55 8%
Seguros 28 4%
Funding 26 4%
TechFin 22 3%
Multisserviços 22 3%
Negociação de dívidas 21 3%
Bancos Digitais 17 2%
Câmbios e Remessas 13 2%