O escritório de direitos humanos das Nações Unidas diz ter motivos razoáveis para acreditar que os crimes contra a humanidade continuam no país. E a Coreia do Norte nega a existência de campos de prisioneiros políticos.
Um novo relatório do escritório de direitos humanos das Nações Unidas disse que a tortura e o trabalho forçado são comuns nas prisões da Coreia do Norte, o que representa possíveis crimes contra a humanidade.
A investigação da ONU
A publicação de terça-feira, publicada sete anos após uma investigação histórica da ONU ter descoberto que estavam sendo cometidos crimes contra a humanidade, também disse que ainda persistem os campos prisionais políticos dirigidos por forças de segurança, embora a informação seja mais escassa.
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Citando entrevistas com ex-prisioneiros, o relatório dizia que continuava a receber “relatos consistentes e credíveis sobre o influxo sistemático de dor ou sofrimento físico e mental severo aos detentos, através da inflição de espancamentos, posições de estresse e fome nos locais de detenção”.
Isto reconfirmou as conclusões do inquérito da ONU de 2014, conduzido pelo ex-juiz australiano Michael Kirby, e “indica que o crime de tortura contra a humanidade continua a ocorrer no sistema penitenciário comum”, disse ele.
O que o relatório diz
A agência disse que quase todas as pessoas entrevistadas para o relatório que foram detidas descreveram “terem sido espancadas durante os interrogatórios e como punição por infrações menores”.
“Uma entrevistada viu uma mulher chutada por uma sala e severamente espancada pelos oficiais por esconder ‘algumas pimentas’ porque a comida da prisão tinha um sabor ruim”.
O trabalho forçado, “que pode equivaler ao crime de escravidão contra a humanidade” também persiste nas prisões, o relatório observou.
O relatório ainda pediu que o Conselho de Segurança da ONU encaminhe a Coreia do Norte ao Tribunal Penal Internacional para processos judiciais ou estabeleça um tribunal ad hoc.
Violação dos direitos humanos
“Não apenas a impunidade prevalece, mas as violações dos direitos humanos que podem equivaler a crimes contra a humanidade continuam a ser cometidos”, disse Michelle Bachelet, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em uma declaração.
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“Insto a comunidade internacional a dar prioridade à justiça e a tomar medidas imediatas para evitar que sejam cometidas mais violações graves dos direitos humanos contra o povo da RPDC”, acrescentou ela, usando as iniciais do nome oficial da Coreia do Norte.
A divulgação do relatório ocorre quando a recém-inaugurada administração Biden nos Estados Unidos pesa novas sanções sobre o programa nuclear da Coreia do Norte.
O posicionamento dos EUA
O Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, falando na NBC News na segunda-feira (01), disse que sanções adicionais poderiam ser usadas contra a Coreia do Norte em coordenação com os aliados norte-americanos como uma forma de desnuclearização da península dividida.
O Presidente dos EUA Joe Biden pode realizar a monumental façanha da desnuclearização entendendo por que as políticas anteriores falharam e depois oferecendo a Kim uma estratégia de saída viável.
O fracasso das políticas anteriores dos EUA decorre da subjacente falta de compreensão da verdadeira natureza do programa de armas nucleares da Coreia do Norte.
Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Aljazeera, UN South China Morning Post