Até agora, as ameaças à segurança dos Estados Unidos sempre vieram de fora dos Estados Unidos, mas nessa última quarta-feira (27), pela primeira vez, o país emitiu um alerta anti-terrorista após ameaças internas.
Em sua posse em 20 de janeiro, Biden prometeu “derrotar a supremacia branca e o terrorismo doméstico”. Prova de que ele leva suas promessas a sério, o presidente americano emitiu na quarta-feira um alerta antiterrorista dedicado às ameaças feitas por “extremistas” que se opõem a sua presidência.
Desde sua criação depois dos ataques de 11 de setembro, o Departamento de Segurança Nacional tem emitido regularmente boletins de alerta, mas eles geralmente estão ligados a ameaças de origem estrangeira, especialmente as jihadistas. Esta é a primeira vez que uma delas diz respeito a uma ameaça doméstica.
Um estado de alerta gerado por “maiores ameaças”
O Departamento de Segurança Nacional (DHS) garantiu que seu alerta não foi motivado por “informações sobre uma conspiração específica de credibilidade”. De modo mais geral, refere-se a um “ambiente de maior ameaça” em todos os Estados Unidos, que provavelmente durará várias semanas.
“Relatórios sugerem que extremistas violentos com objeções ao exercício da autoridade governamental e à transição presidencial, bem como outras queixas alimentadas por falsas narrativas, podem continuar a se mobilizar e incitar à violência”, disse o boletim.
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Assim, embora ele tenha o cuidado de não visar um grupo político, ele observa que extremistas com várias motivações, incluindo sua “raiva contra as restrições relacionadas ao Covid-19 e os resultados das eleições presidenciais”, já conspiraram em 2020, e algumas vezes atacaram edifícios oficiais. Alguns “podem ter sido dinamizados pela Invasão do Capitólio“, acrescentou ele.
Medidas anti-terrorismo: Um aviso aos grupos extremistas
O departamento diz estar empenhado em proteger “a infra-estrutura crítica” e “as populações que podem ser alvo por causa de sua religião, raça, origem, identidade ou opinião política”.
Nas colunas do jornal The Washington Post, Tom Warrick, ex-membro do Departamento de Segurança Nacional, diz que o boletim pretende significar “o retorno de uma linha clara entre liberdade de expressão e atos de violência considerados terrorismo doméstico”.
O alerta é válido até 30 de abril. Na segunda-feira, o Pentágono já havia anunciado que os milhares de soldados da Guarda Nacional destacados para o juramento de Joe Biden permaneceriam em Washington até março, após novas ameaças.
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“Estou satisfeito em ver que o departamento reconhece plenamente a ameaça representada pela extrema-direita violenta”, disse Bennie Thompson, Presidente do Comitê de Segurança Interna da Câmara.
“O ataque terrorista doméstico ao Capitólio no início deste mês destacou uma ameaça que tem estado bem na frente de nossos olhos por anos”, diz Thompson.
Um perigo constante
O ex-presidente republicano Donald Trump tem sido regularmente acusado de mostrar complacência para com a direita radical, alguns de cujos membros estavam na linha de frente do assalto por seus partidários no Capitólio, em 6 de janeiro.
Em 2017, uma mulher de 32 anos foi morta e cerca de 20 pessoas feridas em Charlottesville, Virgínia, depois que um carro carregou um grupo de ativistas anti-racistas em um beco estreito por se opor a uma reunião de supremacistas brancos.
O presidente dos Estados Unidos reagiu condenando “nos termos mais fortes possíveis esta enorme demonstração de ódio, fanatismo e violência vinda”, ele disse, “de vários lados”.
Estas observações haviam suscitado uma onda de indignação e semearam descontentamento dentro das fileiras republicanas. No decorrer de sua campanha, ele já havia causado espanto ao ser lento a reagir ao apoio dado por muitos grupos minoritários.
Dezenas de extremistas indiciados desde 6 de janeiro
Paralelamente a este boletim, que, segundo Tom Warrick, “não pretende ser alarmista”, as autoridades judiciais empregaram grandes meios para encontrar os perpetradores do ataque ao Congresso.
Mais de 150 pessoas já foram acusadas pelo sistema de justiça federal, incluindo três membros de uma milícia de extrema direita que estão sendo processados por “conspiração e sedição”.
Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: LCI, The Washington Post, DHS