Presidente do Banco Central fala sobre desafios econômicosQ

Na última quinta-feira (28), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu suas perspectivas para a economia neste ano. Inclusive, declarou que os componentes que atuam por trás da inflação têm tempo determinado. 

Com base nas últimas estimativas do mercado para a economia, os especialistas do Citi analisaram o último discurso do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a Taxa Selic. 

Presidente do Banco Central fala sobre desafios econômicosQ
Fonte: (Reprodução/Internet)

Inflação pode continuar subindo, diz Campos Neto 

Segundo o presidente do BC, atualmente a equipe econômica da autoridade monetária enfrenta um grande desafio diante de um crescimento econômico não tão sólido. Para ele, esse ritmo virá acompanhado com o aumento da inflação

Com essa avaliação, Campos Neto relembrou a trajetória da inflação, que encerrou o ano passado acima da meta de 4,0%. Alguns componentes colaboraram para esse movimento. Dentre eles estão a desvalorização do Real, a transferência de renda feita pelo auxílio emergencial e o aumento dos preços das commodities como petróleo, por exemplo. 

Agenda de reformas pode ser a saída

Para amparar a economia, Roberto Campos Neto destacou a necessidade do avanço da agenda de reformas. Nesse ínterim, o governo pode encarar algumas limitações para incorporar diretrizes extras para o combate à pandemia do coronavírus. 

Isto porque as medidas eventualmente adotadas envolvem gastos e, consequentemente, servem de alerta para as despesas e teto de gastos. Logo, as questões fiscais prometem ser o centro das atenções também em 2021. 

Banco Central deixa o forward guidance 

No último pronunciamento do BC sobre quais seriam as políticas monetárias para esse começo de ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que a estratégia de orientação para taxas de juros, o forward guidance, chegou ao fim. 

Presidente do Banco Central fala sobre desafios econômicosQ
Fonte: (Reprodução/Internet)

De acordo com Campos Neto, há um entendimento unânime dos integrantes do Copom de que existe um lapso temporal que fornecerá informações importantes sobre reformas e inflação. Assim, o comitê precisará avaliá-las diante da segunda onda do coronavírus. 

Analistas avaliam decisão 

Segundo os economistas do Citi Paulo Lopes e Leonardo Porto, consultados pelo Valor Investe, o Banco Central adotou uma postura chamada “hawkish”. Esse termo é usado quando uma autoridade monetária tem um posicionamento de preocupação com a inflação. 

Para os profissionais, isso pode ser percebido pelo fato do BC ter deixado em aberto a possibilidade de alta da Taxa Selic. Além disso, o Banco Central adotou um tom mais intolerante à elevação dos preços

Selic chegará a 4%, disseram economistas

Os economistas afirmaram que a Taxa Selic poderá chegar a 4% no final deste ano. Essa perspectiva é baseada em um eventual início de normalização dos juros. As primeiras altas da taxa básica de juros devem começar em junho.

Para os próximos anos, a previsão de Paulo Lopes e Leonardo Porto é que a Taxa Selic atinja o percentual de 6%. A conclusão dos profissionais é que a linguagem mais dura do Copom é devido à alta dos preços das commotities, o que antes não foi visto durante a primeira onda do coronavírus. 

Por fim, eles afirmaram que as projeções de inflação do BC indicam elevações da Taxa Selic a partir do segundo metade do ano. Todavia, as estimativas fiscais e o balanço assimétrico de riscos sugerem uma alta já nos seis primeiros meses de 2021.