A abstenção atingiu 69% em uma eleição para a qual mais de 20 milhões de venezuelanos foram convocados.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro recuperou o controle do Parlamento em dezembro de 2020, cinco anos após perdê-lo, após a vitória do Chavismo em um boicote eleitoral legislativo boicotado por quase toda a oposição e marcado por uma alta abstenção de 69% e uma forte rejeição internacional.
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus aliados responderam por 67,6% dos 5.264.104 votos contados em um primeiro boletim com 82,35% dos votos transmitidos, anunciou Indira Alfonzo, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Alfonzo não especificou, entretanto, quantos dos 277 assentos em jogo permanecerão nas mãos do chamado Grande Polo Patriótico.
69% de abstenção na Venezuela
A abstenção atingiu 69% em uma eleição para a qual foram chamados mais de 20 milhões dos 30 milhões de habitantes do país. Os principais partidos políticos da oposição, liderados por Juan Guaidó, haviam rotulado as eleições legislativas de “fraude” e apelaram para que a população ficasse em casa.
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“Feliz manhã cedo da vitória!” celebrou Maduro. “Temos uma nova Assembléia Nacional, tivemos uma tremenda e gigantesca vitória”.
Nas eleições legislativas de 2015, nas quais a oposição quebrou 15 anos de hegemonia Chavista, houve 71% de comparecimento e em 2010, 66,45%. Essa eleição de domingo marca a maior taxa de abstenção neste tipo de eleição desde 2004, quando apenas 25% dos eleitores foram às urnas.
Eleições turbulentas
A oposição decidiu retirar-se como um bloco, alegando que não havia condições. Segundo a AFP, muitas seções eleitorais estavam meio vazias durante todo o dia. O uso de máscaras era obrigatório, com marcas no piso para manter distância física da pandemia do vírus Covid-19.
A oposição já havia boicotado a votação presidencial de 2018. Acusando-o de se reeleger fraudulentamente, a maioria cessante da oposição no Parlamento declarou Maduro um “usurpador” e Guaidó reivindicou a presidência à frente da Venezuela com o apoio de meia centena de países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil.
Houve uma participação de 46,07% nesse processo, o menor índice nas eleições presidenciais da era democrática venezuelana, que começou em 1958.
Zapatero convida a UE a refletir sobre a Venezuela
O ex-Primeiro Ministro da Venezuela, José Luis Rodríguez Zapatero ,pediu à União Europeia para “separar” da política da administração norte-americana de Donald Trump com a Venezuela e o exortou a fazer “uma reflexão calma e tranquila” sobre o não reconhecimento das eleições legislativas do país.
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O ex-chefe do Executivo espanhol foi para a Venezuela como observador internacional nas eleições para a Assembléia Nacional venezuelana.
Em entrevista coletiva, Zapatero lembrou que “a diplomacia é baseada na resolução pacífica de conflitos” e disse que a UE deveria refletir após as eleições e avaliar qual tem sido “a política de sanções e não-reconhecimento”. Isto, em sua opinião, “poderia nos levar ao maior absurdo da história do direito internacional”.
Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Hoy Espanã, AFP