A bandeira nacional chinesa é hasteada fora da mesquita no Xinjiang International Grand Bazar durante uma viagem organizada pelo governo em Urumqi, Mulheres no sistema chinês de campos de detenção para a etnia Uighur e outros muçulmanos em sua região ocidental de Xinjiang, foram sujeitas a estupro, abuso sexual e tortura, de acordo com um relatório da BBC publicado na quarta-feira (03).
A emissora britânica disse em seu site que “vários ex-presos e um guarda disseram à BBC que experimentaram ou viram provas de um sistema organizado de estupro, abuso sexual e tortura em massa”. As alegações não puderam ser verificadas de forma independente pela Reuters.
Pequim nega veementemente as acusações de abuso em Xinjiang, e disse que os complexos que criou na região proporcionaram treinamento vocacional para ajudar a acabar com o extremismo islâmico e o separatismo, e para ensinar novas habilidades. Aqueles que estavam nas instalações haviam “se formado” desde então, diz o comunicado.
Perguntado na quarta-feira sobre o relatório da BBC, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse que era “totalmente sem base factual” e que as pessoas entrevistadas pela BBC haviam “provado várias vezes” que eram “atores disseminando informações falsas”.
A crise dos Uighurs
No ano passado, um relatório do pesquisador alemão Adrian Zenz, publicado pela Fundação Jamestown de Washington, acusou a China de usar esterilização forçada, aborto forçado e planejamento familiar coercitivo contra muçulmanos minoritários. A China também disse que essas acusações eram infundadas e falsas.
Em 2018, um painel independente da ONU disse ter recebido relatos confiáveis de que pelo menos 1 milhão de Uighurs e outros muçulmanos haviam sido detidos na região de Xinjiang, que faz fronteira com o Paquistão e o Afeganistão.
O Departamento de Estado dos EUA disse na quarta-feira que deve haver sérias consequências para as atrocidades.
“Estamos profundamente perturbados com relatos, incluindo testemunhos em primeira mão, de estupro sistemático e abuso sexual contra mulheres em campos de internação para a etnia Uighurs e outros muçulmanos em Xinjiang”, disse uma porta-voz do Departamento de Estado.
A resposta da China
O momento das revelações foi uma infelicidade para a China, lançando um mote sobre seus esforços para destacar os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, como marcou na quinta-feira um ano antes de sua abertura programada.
Grupos de defesa dos direitos e políticos apelaram para que o Comitê Olímpico Internacional mudasse os jogos para outro lugar por causa de seu histórico de direitos humanos.
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Na quarta-feira, a Human Rights Watch bateu no COI, dizendo que seu “fracasso em enfrentar publicamente as graves violações dos direitos humanos de Pequim ridiculariza seus próprios compromissos e afirma que os Jogos Olímpicos são uma “força para o bem”.
A administração do presidente dos EUA, Joe Biden está sinalizando que atualmente não tem planos de proibir a participação de atletas americanos nos jogos.
O posicionamento dos EUA
Mas um grupo de senadores republicanos norte-americanos havia apresentado uma resolução na terça-feira (02) com uma chamada semelhante para mudar a data dos jogos, de acordo com a designação dos Estados Unidos de que o governo chinês perpetrou genocídio contra os muçulmanos Uighur.
Essa decisão foi tomada nos últimos dias da presidência do Presidente Donald Trump, e foi rapidamente endossada pela administração Biden, que tomou posse em 20 de janeiro.
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O Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken disse na semana passada que apoiava a designação, favorecendo ao mesmo tempo a cooperação com a China sobre as mudanças climáticas e outras questões.
Com Trump, os EUA impuseram sanções às autoridades e empresas chinesas ligadas a abusos em Xinjiang, e a administração Biden deixou claro que planeja continuar uma abordagem dura com Pequim sobre esta e outras questões.
Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Japan Times, Reuters, BBC