De acordo com a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o volume mundial de Investimento Estrangeiro Direto (IED) desabou 42% no ano passado.
O montante percebido foi de US$ 859 bilhões contra US$ 1,5 trilhão obtido em 2019. Segundo a Unctad, esse é um dos níveis mais baixos desde a década de 90. A agência firmou que alguns fatores colaboraram para essa baixa.
Pandemia barra investimentos globais
Para a Unctad, o principal fator que impulsionou a queda dos investimentos no exterior foi a pandemia do coronavírus. A crise promoveu o efeito cascata em diversos setores, já que a demora da vacinação e ausência de planos econômicos também barraram as aplicações.
Conforme análise de James Zhan, diretor de investimentos da agência das Nações Unidas, os investidores devem se manter cautelosos quanto aos ativos do exterior. Para o profissional, as pressões sobre o mercado de capital devem continuar este ano.
Prova da insegurança do público em alocar capital para o exterior, é que o fluxo de investimento internacional no ano passado foi 30% inferior ao percebido durante a crise mundial financeira de 2009.
Países da Europa têm o pior desempenho
Além disso, o valor de investimento estrangeiro de 2020 foi US$ 630 bilhões menor que o fluxo global de 2019. Ainda, a lista de mercados que mais sofreram com a queda de capital é formada predominantemente por países da Europa.
Os piores desempenhos foram Itália, Alemanha, Reino Unido e Rússia. Além deles, o Brasil e os Estados Unidos também tiveram prejuízo. Na contramão, o fluxo da Índia e da China registrou alta de 13% e 4% respectivamente.
A China teve um desempenho positivo já que sua economia se recuperou em ritmo mais acelerado que o de outros países. Além disso, o mercado de ações chinês foi visto como uma alternativa às Bolsas norte-americanas e europeias.
Economias desenvolvidas sofrem mais impactos
Ainda segundo análise da Unctad, as economias mais sólidas do mundo tiveram o pior nível em 25 anos. Elas concentraram 80% da queda de investimentos no exterior. Assim, esses países registraram captação de US$ 229 bilhões, baixa de 69%.
Já os países em desenvolvimento conseguiram superar esse período com menos prejuízo, com uma queda de apenas 12%. O total de recurso captado foi de US$ 616 bilhões durante o ano de 2020.
China supera os EUA em investimentos
Além disso, a disputa entre a China e os EUA também chegou na lista de maiores investimentos em 2020. No ano passado, o mercado chinês superou o norte-americano como o maior captador de investimento do exterior com montante de US$ 163 bilhões.
O fato das empresas internacionais dependerem de recursos da China durante a crise econômica também favoreceu o aumento do fluxo dos investimentos. Enquanto isso, nos EUA o volume de capital do exterior caiu 49% para US$ 134 bilhões em meio à diminuição de investimentos do Japão, da Alemanha e do Reino Unido.
Investimento do exterior cai 50% no Brasil
Também, o nível de investimento internacional registrou queda no Brasil. Mais precisamente, uma baixa de 50%. Com esse percentual, o Brasil fica entre as cinco maiores quedas de Investimento Estrangeiro Direto (IED).
Conforme o levantamento do Unctad, o Brasil teve captação de US$ 33 bilhões. Antes da pandemia, o país ocupava o posto de sexto maior captador de dinheiro estrangeiro e o oitavo maior na lista de países da América Latina.
Dos países latinos americanos, o México sofreu menores impactos com recuo inferior a 10% devido aos reinvestimentos das multinacionais que atuam no país. No patamar geral, a América Latina registrou baixa de 37% com captação de US$ 101 bilhões.