As primeiras reuniões preparatórias do G7 e do G20 mudaram o clima da política e diplomacia com a posse do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e agora, os americanos estão abertos à cooperação em questões pendentes.
A próxima reunião do G7 ocorrerá em 12 de fevereiro, a do G20 seguirá em 26 de fevereiro, mas já, durante as reuniões preparatórias da semana passada, o tom da discussão mudou, e a atmosfera também.
Vários assuntos até agora bloqueados por Donald Trump estão agora sendo considerados “com espírito de abertura”, e entre os franceses, que estão, naturalmente, esperando ações concretas em futuras cúpulas.
Como primeira boa surpresa, os representantes da administração Biden concordaram em retomar os trabalhos sobre tributação global com um cronograma preciso: eles concordaram em acordar os “princípios de uma tributação dos gigantes digitais” e “uma taxa mínima de imposto corporativo” (para refrear a otimização fiscal) até o meio do ano, o verão do hemisfério norte.
Biden abre o arquivo fiscal
Para a França, o imposto GAFA foi um assunto de grande tensão com Donald Trump, uma vez que o imposto francês havia causado conflitos comerciais. Joe Biden concordou em abrir o assunto “com uma vontade real de se engajar”, informa o jornal francês Le Point.
O trabalho técnico foi realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Se houver vontade política, o G20 poderá concluir em formato ampliado no final da primeira metade de 2021. Seria apenas uma questão de se chegar a um “acordo de princípio”, enquanto a implementação ainda levaria tempo.
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A França assumiu um compromisso importante com esta questão dentro da União Europeia. É fortemente apoiada pela Itália, Áustria, Polônia, Alemanha e Reino Unido. Na ausência de um sistema fiscal digital “cooperativo”, haveria um grande risco de fragmentação da tributação internacional com uma proliferação de impostos digitais nacionais.
A África no centro das preocupações do FMI
O segundo tópico que os representantes da Biden discutirão na reunião do G20 de 26 de fevereiro é a coordenação da política econômica. A União Europeia está progredindo lentamente na conclusão de seu plano de recuperação, NGUE (Next Generation UE).
Por sua vez, Joe Biden anunciou um plano de recuperação de US$1,9 trilhão, correspondente a cerca de 9% do PIB dos EUA. Aqui novamente, os americanos estão mostrando vontade por uma melhor coordenação das medidas de apoio fiscal, particularmente no contexto mais amplo das questões climáticas. O retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris coloca uma esperança na melhor relação entre os dois lados do Atlântico.
Finalmente, um último assunto foi o tema de um bloqueio de Donald Trump: ajuda aos países pobres, particularmente aos países africanos, através do aumento dos Direitos especiais de saque (DSE) do FMI. Esta é uma proposta francesa apresentada pelo presidente francês Emmanuel Macron e Bruno Le Maire, o ministro da Economia e Finança da França.
As medidas do G7
A África é impactada pela pandemia devido à desaceleração do comércio mundial e à queda dos preços das matérias primas em países altamente dependentes. Já em meados de abril, Bruno Le Maire havia pressionado para um aumento dos DSEs para 500 bilhões de dólares.
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Os americanos, sob Trump, não consideraram esta medida necessária. Tanto os chineses quanto os alemães apoiam esta proposta francesa que, segundo Bercy, daria uma “lufada de ar fresco” e aumentaria as reservas de todos os países do mundo, dos quais 16 bilhões de dólares beneficiariam os países mais pobres.
Em 2008, durante a crise financeira, Washington havia concordado em aumentar os DSEs do FMI em 250 bilhões de dólares. Com Donald Trump fora do poder, Washington concordou em considerar a proposta “com uma mente aberta”, disse Bercy.
Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fontes: Le Point, European Comission, Ministère de l’Economie et des Finances et de la Relance