Após anunciar o fechamento de suas fábricas no Brasil, a Ford encerrou a produção de veículos na unidade de Camaçari (BA). Até o final deste ano, a companhia deve fechar as fábricas em Horizonte (CE) e Taubaté (SP).
A companhia informou que os veículos não serão mais produzidos no país, mas que continuarão sendo vendidos. A diferença é que eles serão importados do Uruguai e da Argentina. Com isso, 125 mil pessoas serão desligadas.
Estudo aponta estatística de demissões da Ford
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese) e consultado pelo portal G1, além dos 5 mil empregados que já foram demitidos, a Ford ainda irá desligar 118.864 mil funcionários.
O estudo ainda aponta que as demissões vão causar uma perda salarial de R$ 2,5 bilhões ao ano. Para o governo, o fechamento das fábricas irá afetar a arrecadação de tributos com queda de R$ 3 bilhões ao ano. Além disso, a economia brasileira também sairá no prejuízo.
Com o encerramento das fábricas, a montadora já anunciou a demissão de empregados nas unidades de Taubaté (SP) e Camaçari (BA). No entanto, os desligamentos foram suspensos pela Justiça do Trabalho até que as negociações com os sindicatos sejam finalizadas.
Na semana passada, as liminares foram expedidas depois do Ministério Público do Trabalho (MPT) mover as ações solicitando a suspensão. A companhia informou que recorreu das decisões e que está engajada para negociar com os sindicatos.
Montadora explica o que causou o encerramento das fábricas
Em comunicado sobre o encerramento das fábricas, a Ford declarou que a decisão de encerrar as fábricas no Brasil foi causada pela queda das vendas e pela capacidade ociosa da indústria, o que gerou perdas significativas à empresa.
Todavia, para o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, os motivos da montadora transcendem os custos e capacidade da indústria. A decisão também pode estar relacionada à demora da produção de veículos elétricos e híbridos.
Ainda, a popularização de aplicativos de transporte como 99 e Uber afetou a procura pela compra de automóveis. Outro fator é a perda de espaço da marca no mercado para fabricantes asiáticas como Toyota e Hyundai. A participação da Ford nas vendas saiu de 10,4% para 7,1% no ano passado.
Os impactos da saída da Ford no Brasil
Além das perdas de mais de 120 mil postos de trabalho, o Brasil também sofrerá outros impactos com a saída da Ford do mercado doméstico. Segundo José Silvestre, ao fechar uma planta industrial, o efeito irradia em toda a cadeia da indústria de uma forma geral.
Uma das características de um país desenvolvido é ter uma indústria forte. Com o encerramento das fábricas automobilísticas, o setor se enfraquece. O país já chegou a ter o ramo industrial mais diversificado dos países da América Latina.
Conforme análise da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil irá sentir a perda da capacidade produtiva de 4,5 milhões de veículos, que antes era de 5 milhões.
É válido lembrar que essa não foi a primeira medida de corte de gastos da Ford. Em 2019, a unidade de São Bernardo do Campo foi encerrada, bem como a empresa deixou de vender caminhões nos países da América do Sul.
