Especialistas avaliam investimentos com Taxa Selic em 2%

Na última quarta-feira (21), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros, a Taxa Selic, em 2% ao ano. Essa é a quarta vez que o BC decide pela manutenção da mínima histórica. 

A decisão da instituição já era prevista pelos especialistas do mercado financeiro, que tinham a expectativa de mudar a perspectiva dos investimentos. A Taxa Selic é referência para muitas aplicações de renda fixa, logo, quando ela não está atrativa isso afeta diretamente o rendimento. 

Especialistas avaliam investimentos com Taxa Selic em 2%
Fonte: (Reprodução/Internet)

Aplicações são ameaçadas com Selic baixa

De acordo com Felipe Sichel, estrategista da Modalmais consultado pelo Valor Investe, se o cenário econômico do país piorar a probabilidade do Ibovespa manter sua boa performance é muito pequena. Diante disso, o profissional recomenda que os investidores não entrem em pânico e nem saiam vendendo as ações sem avaliar o quadro. 

Quanto aos investimentos de renda fixa, pode ser que o Tesouro oferte novas condições de compra de títulos, aumentando a espera pela alta dos juros. Mas, o especialista Lucas Carvalho, da Toro Investimento também ao portal Valor, vê o cenário com outra perspectiva. 

Para ele, ainda não dá para saber com clareza qual decisão tomar sobre os investimentos. Segundo Lucas, os rendimentos do Tesouro, atualmente entre 3,6% a 4% a.a, ainda não são atrativos a curto e médio prazo. 

Entretanto, mesmo que não seja a melhor opção hoje, os títulos públicos não deixaram de ser uma boa alternativa de investimento. O analista enxerga outras opções mais interessantes para este momento. 

Alternativas de investimento, segundo analistas

Conforme avaliou o especialista da Toro, os CDBs prefixados podem ser uma opção atrativa com os juros baixos. Essas aplicações são títulos privados emitidos por instituições financeiras e possuem liquidez em seu vencimento. 

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Fonte: (Reprodução/Internet)

Atualmente, os CDBs com vencimento para daqui a três anos estão rendendo entre 6% a 7% a.a. Mas, essa seria uma alternativa interessante apenas com o lapso de vencimento entre dois a três anos. 

Um prazo superior a esse não é recomendável, já que a Taxa Selic pode voltar a subir a qualquer instante e se tornar um investimento mais rentável do que os CDBs. Essa recomendação é para os investidores que conciliam o dinheiro com o prazo da aplicação.

Reserva de emergência continua essencial

Ainda sobre os investimentos, o portal Valor Investe também consultou a especialista Sigrid Guimarães, da Alocc Gestão Patrimonial, que declarou que apesar dos investimentos de renda fixa apresentarem pouco rendimento, eles ainda são a melhor opção para o reserva de emergência.

Também, a profissional recomendou uma reserva entre 12 e 36 vezes o valor dos gastos do mês. Normalmente, os analistas recomendam um fundo entre 6 e 12 vezes o valor dessas despesas.

Entretanto, segundo Sigrid, um colchão de liquidez de apenas seis meses é pouco para um momento de crise como o que o país está atravessando. É válido considerar que em tempos de instabilidade a fonte de renda pode estar ameaçado, logo a melhor opção é se prevenir. 

Para essa finalidade, a especialista recomenda os fundos DI e o Tesouro Selic ao invés dos CDBs já que são investimentos que fazem parte dos títulos públicos, e não privados. Caso tenha alguma sobra, ela recomenda fundos multimercados e fundo de ações para equilibrar o baixo rendimento.

Banco Central descarta alta da Selic a curto prazo

Apesar das perspectivas, a Taxa Selic baixa pode ser uma preocupação para vários investidores, já que o Brasil possui um público grande de gestores conversadores que optam pela renda fixa. Para os analistas do mercado financeiro, esse ano está ainda mais nebuloso para o mercado financeiro. 

Entretanto, o fato do Banco Central ter retirado o “forward guidance”, estratégia que a instituição usou desde o início da pandemia para fazer a manutenção da taxa de juros. Essa medida pode indicar um potencial avanço da Taxa Selic.

Especialistas avaliam investimentos com Taxa Selic em 2%
Fonte: (Reprodução/Internet)

Apesar da lógica parecer essa, o BC deixou claro durante o último pronunciamento que a ausência do “forward guidance” não implicaria na alta automática da Selic a curto prazo. Mesmo assim, segundo o Boletim Focus divulgado no começo da semana, o mercado soa otimista. 

Conforme o levantamento dos especialistas do Banco Central, a expectativa do mercado é que a Taxa Selic esteja em 3,25% no final deste ano. Por outro lado, a inflação subiu mais do que os analistas previam. Para ler as últimas estimativas dos investidores para os principais indicadores econômicos, clique aqui.

Especialista analisa estratégia do BC

O percurso que o BC traçou para a Taxa Selic levantou muitas avaliações. Para Felipe Sichel, por exemplo, o Banco Central quis deixar a taxa básica de juros baixa o maior tempo que pudesse até a pandemia ser controlada. 

Isto era uma estratégia para o barateamento do dinheiro e para as companhias tomarem empréstimos. Segundo ele, sua equipe do banco digital está mantendo a Taxa Selic em 2% até junho, para posteriormente ter um avanço gradual. 

Felipe Sichel não descartou a possibilidade dos juros subirem antes disso. Mas, esse movimento irá depender da trajetória dos riscos. Fatores como o teto de gastos e a inflação irão influenciar nesse aspecto. 

Segundo o analista, os juros baixos tornam os investimentos em títulos públicos sem atrativos. Consequentemente isso irá dificultar o financiamento da dívida pública. Com esse cenário, seria possível uma alta da Taxa Selic como um prêmio de risco para atrair investidores.