Especialistas alemães recomendam AstraZeneca somente para que tem menos de 65 anos

Um comitê de especialistas alemães emitiram nota de projeto, nesta quinta-feira (28), recomendando o imunizante da biofarmacêutica AstraZeneca apenas para pessoas abaixo dos 65 anos. Segundo as autoridades, o parecer vem ancorado na ausência de dados suficientes de eficácia da vacina no grupo em questão.

Exceto o grupo de idosos acima dos 65 anos, a vacina da AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, foi considerada “adequada” para proteção do restante da população, assim como os outros imunizantes aprovados até o momento.

Especialistas alemães recomendam AstraZeneca somente para que tem menos de 65 anos
Fonte: (Reprodução/Internet)

A fabricante já divulgou a eficácia da vacina em torno de 70%. O órgão de regulação britânico irá realizar inspeção nesta sexta-feira (29), acerca das informações postadas, autorizando por fim o seu uso. O governo brasileiro já demonstrou interesse na compra de novo lote de doses do imunizante.

Segura, porém dados são insuficientes 

A vacina AstraZeneca tem um novo capítulo de empecilho, dessa vez veio na forma de recomendação pelas autoridades da Alemanha que aconselham o seu uso apenas para pessoas entre 18 e 64 anos. 

De acordo com o Instituto Robert Koch, órgão alemão especializado em assuntos infecciosos, o imunizante da farmacêutica AstraZeneca e Oxford não tem dados suficientes de testes clínicos que comprovem a eficácia da vacina em grupos de idosos maiores de 65 anos.

O governo local reforça a segurança da vacina, mas por dados inexpressivos nessa faixa etária segue parecer restritivo. Na segunda-feira (25), a AstraZeneca negou ineficácia do imunizante em pessoas maiores de 65 anos.

Detalhes do relatório 

O relatório que divulgou nota sobre aconselhamento do não uso do imunizante em maiores de 65 anos, circulou em ampla rede de veículos de comunicação na quinta-feira (28). 

Segundo os dados conclusivos desfavoráveis do parecer, leva-se em conta que o número de participantes dos ensaios clínicos com mais de 65 anos é pequeno, ao total 341 idosos.

Ademais, apenas 1 de cada grupo (imunizados com o fármaco e placebo) tiveram a doença, o que deixa em aberto informações de eficácia com maior contundência. Este relatório ficará disponível na íntegra nesta sexta-feira (29), após o órgão regulador Agência Europeia de Medicamentos (EMA) do país emitir decisão confirmando o uso do imunizante.

Caso o EMA aprove o uso, então ele estará liberado para aplicação em idosos maiores de 65 anos, mas a recomendação não será de caráter definitivo, levando em consideração para o julgamento a decisão emergencial.

Agência de Saúde Pública do país busca contornar situação

Mary Ramsay, líder da Agência de Saúde Pública do Reino Unido, tentou contornar a informação do relatório ao afirmar que o imunizante da AstraZeneca é tão eficaz quanto os outros já aprovados para a vacinação.

Acrescentou ainda que não obstante o número de idosos com mais de 65 anos tenha sido baixo nos testes clínicos, as respostas imunológicas desenvolvidas no grupo foram “tranquilizadoras”.

A representante acredita que o grupo deva se vacinar com prioridade, uma vez que o risco de gravidade da doença torna os idosos dessa faixa etária mais vulneráveis. A Fiocruz também lançou nota contrária afirmando segurança do imunizante nessa população.

AstraZeneca também é aposta do Brasil

No Brasil o imunizante da farmacêutica AstraZeneca/Oxford já foi aprovado para uso emergencial no Programa de Imunização Nacional (PNI), no parecer da Anvisa não houve restrições de idade, mas que espera novos dados sobre a eficácia no grupo maior de 65 anos assim que disponíveis.

Empresários brasileiros, com aval do presidente Jair Bolsonaro tentaram negociar lote de 33 milhões de doses com o laboratório, no entanto, a  AstraZeneca informou que não tem condições de fornecer imunizantes para as empresas no país, e que está priorizando acordos já firmados com governos e com a Organização Mundial de Saúde.

Impasses entre Comissão Europeia e AstraZeneca

Após acordo fechado entre o governo britânico e várias nações europeias para a distribuição de doses da vacina no primeiro trimestre, uma notícia inesperada da farmacêutica acerca da não capacidade de entrega da vacina no prazo, gerou um impasse entre a Comissão Europeia e a AstraZeneca.

Enquanto o impasse se mantém, a Comissão faz exigências reiteradas para que a agenda de distribuição seja cumprida, priorizando o Reino Unido. Em clima de disputa, a União Europeia alertou reservar-se no direito de entrar com pedido de proibição de exportações enquanto o abastecimento no território não for efetivado.