Erro de edição de gene CRISPR resulta em mais de uma dúzia de embriões mutantes

Cientistas, usando um controverso dispositivo de edição de genes, criaram involuntariamente mais de uma dúzia de embriões humanos mutantes, de acordo com um novo estudo.

O erro de edição do gene

Em um esforço para reparar um gene que causa cegueira, pesquisadores usando uma máquina de corte de DNA CRISPR acidentalmente se livraram de cromossomos inteiros, ou grandes pedaços deles, de acordo com um estudo publicado quinta-feira na revista Cell.

Para o estudo, pesquisadores em um laboratório não divulgado coletaram esperma de um homem com cegueira hereditária para criar 40 embriões.

Em seguida, eles usaram uma ferramenta CRISPR-Cas9 – que funciona como um bisturi microscópico – para cortar a mutação genética que queriam corrigir em 37 dos embriões. Os três restantes serviam como controles.

gene cortado
Foto: (reprodução/internet)

Mas cerca de metade dos embriões perderam um cromossomo inteiro, ou grande parte dele, no gene onde a mutação causadora da cegueira estava localizada, de acordo com o estudo.

Cromossomos removidos ou danificados podem resultar em anormalidades genéticas que podem ser transmitidas às gerações futuras.

“Este é um resultado muito adverso”, disse o autor do estudo Dieter Egli, da Columbia University, ao Wall Street Journal.

As descobertas também mostram que “o embrião humano parece único em sua pobre capacidade de consertar uma quebra de DNA”, disse Egli, acrescentando que isso vai “além do debate” sobre o uso de CRISPR em gestações.

Os cientistas debateram durante anos se o CRISPR é seguro e eficaz o suficiente para ser usado em embriões humanos que acabarão por se transformar em bebês.

Os críticos apontam para estudos que mostram que a tecnologia pode causar câncer, enquanto outros argumentam que ainda não é precisa o suficiente.

Outros céticos questionam a ética de permitir que os cientistas “brinquem de Deus.”

No mês passado, um grupo patrocinado pela Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos publicou um relatório dizendo que a tecnologia não está pronta para ser usada em embriões porque os cientistas ainda não sabem como usá-la sem introduzir alterações potencialmente perigosas no DNA.

Traduzido e adaptado por equipe Folha BR
Fonte: New York Post