Na noite da última segunda-feira (2), as lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram mudadas. Os novos presidentes são Arthur Lira (PPAL) e Rodrigo Pacheco (DEMMG), respectivamente.
Ambos os políticos eleitos contaram com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, o que levou os analistas do mercado a criarem esperanças sobre o prosseguimento da agenda de reformas. A agenda é vista por especialistas como uma forma para lidar com impactos da pandemia do coronavírus na economia e por isso gera expectativa.
Especialistas avaliam novas lideranças das casas legislativas
Conforme especialistas do mercado financeiro consultados pelo Valor Investe, com a eleição de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, o presidente está com “a faca e o queijo na mão” para prosseguir com reformas e tentar reverter os problemas fiscais do país.
O analista da Constância Investimentos, Gustavo Akamine, afirmou para o portal que os novos presidentes das casas legislativas foram as alternativas mais favoráveis a Bolsonaro. Logo, com este cenário político, os mercados indicam uma reação positiva. Afinal, os desentendimentos sobre questões fiscais entre os poderes legislativo e executivo era o pesadelo dos investidores.
Ainda de acordo com o profissional, as eleições irão repercutir nos juros, na Bolsa de valores e em outros setores. O andamento das reformas também significa a diminuição do risco de descontrole fiscal.
Bolsonaro não terá desculpas para descumprir reformas
Já o economista da Infinity Asset, Jason Vieira, declarou que com o Congresso favorável a Bolsonaro, o presidente não terá desculpas para não avançar com as reformas. Agora, segundo ele, não tem como argumentar que a culpa é do presidente da Câmara.
Com isso, não fica dúvidas de que o diálogo entre o governo federal e o Congresso Nacional sobre essas medidas permanecerão sendo o foco dos investidores. Enquanto isso, Rodrigo Pacheco, presidente recém-eleito do Senado, se manifestou sobre o assunto.
O político afirmou que as reformas serão discutidas com urgência. Mas, destacou que isso será feito sem atropelos respeitando o devido processo legislativo. Quanto a eleição de Arthur Lira, ela começou sendo alvo de críticas.
Arthur Lira anula eleição da mesa da Câmara
O novo presidente da Câmara dos Deputados já realizou seu primeiro feito logo após ser eleito. Arthur Lira decidiu anular a votação para os cargos da Mesa Diretora da casa legislativa. Como argumento ele alegou que a inscrição do Partido dos Trabalhadores (PT) foi ilegal pois foi realizada após o horário permitido.
Conforme as normas da casa, o prazo de encerramento para inscrição em um dos blocos, o de apoio a Baleia Rossi ou a Arthur Lira, era 12h. O PT, que estava apoiando o primeiro candidato, teria passado 6 minutos do horário estabelecido.
Ainda assim, o até então presidente da Câmara Rodrigo Maia aceitou a inscrição do partido no bloco de Rossi sem levar ao conhecimento do plenário. Logo, ao ser eleito Arthur Lira decidiu tornar sem efeito a decisão de deferir o registro do bloco.
Efeitos da decisão do líder da Câmara
Se o novo líder da Câmara não tivesse barrado a inscrição do PT, o partido ficaria com a Primeira Secretaria da casa, que é um dos cargos mais importantes da mesa. Todavia, com a decisão de Lira, agora o Partido dos Trabalhadores, o detentor da maior bancada da Câmara, irá obter uma vaga inferior.
Ainda ontem, os partidos de apoio ao candidato Baleia Rossi afirmaram que o ato de Arthur Lira teria sido autoritário e ilegal. Por isso, eles estariam movendo uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão.